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domingo, 29 de maio de 2011

Lendas e Tradições do Solar (Quinta) de Ribafria - Revista "Cyntra", número 4, de 1908


© Pesquisa: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagens: Arquivo do Caminheiro de Sintra


A torre dos Ribafria

"O Solar de Ribafria foi mandado edificar em 1541 por Gaspar Gonçalves, a quem D. Manuel I, por alvará de 16 de Setembro desse ano conferiu o senhorio de Riba-Fria, dando-lhe um brasão de armas, e permitindo-lhe usar esse apelido.

Além do seu valor histórico, o palácio de Riba-Fria é digno de nota pela sobriedade e correcção de linhas da sua arquitectura genuinamente manuelina, constituindo um dos mais belos exemplares da antiga arquitectura civil portuguesa.

Sobressai do seu todo uma torre quadrangular de pouco mais de trinta metros de altura, erguendo-se altiva no verdadeiro vale, junto ao rio de Lourel, na base da encosta que domina. Foi essa torre construída, segundo reza a lenda, para que o proprietário de Riba-Fria dali pudesse avistar Penha Verde, que a esse tempo lhe pertencia, como descendente do fundador D. João de Castro; querem porém outros que ele se destinasse apenas para se poder avistar o mar, o oceano imenso, a que se prendiam as nossas tradições guerreiras, os arredores sublimes de toda a glória cavalheiresca de uma época, cuja história é um poema. No ângulo do poente dessa torre, está o escudo de Riba-Fria esculpido em pedra. Merecem especial menção, o grande tanque em cujas águas tranquilas se espelha em toda a extensão o vetusto edifício, e uma magnífica cisterna, com uma vasta sala com a sua abóboda de cantaria apoiada em arcos e colunas de eterna solidez.

Os muros ameados da Quinta de Ribafria

É também tradição que foi nesse palácio, outrora sumptuoso, que o rei afortunado D. Manuel I, patrocinado por Gaspar Gonçalves, bastas vezes se deleitou em aventuras amorosas, com certa dama da sua predilecção. Ali se deram festas principescas, e bailes de grande esplendor, onde se reunia tudo que de mais nobre e distinto nessa época existia.
Chegou até nós esta lenda dos tesouros de Riba-Fria:
Um dos descendentes de D. João de Castro, escondeu na torre do palácio importantes tesouros que trouxera da Índia, e receando qualquer assalto nunca daí os tirara, devendo ter permanecido ocultos, em parte ignorada, ainda muito depois da sua morte.

Outra versão diz-nos:

A entrada para a Quinta de Ribafria
Que tendo falecido repentinamente um velho serviçal, conhecedor do local onde se ocultava o tesouro, dali o retirara, e para que não fosse descoberto esse furto, enterrara a maior parte dessas jóias, por diversas partes do arredor do palácio. Esta segunda versão veio avigorar-se ainda mais no espírito crédulo do povo, quando, pelos anos de 1875 a 1877, numa pedreira em exploração ali próximo, foi encontrado um bracelete de ouro maciço com 1600 gramas de peso, e que foi objecto de larga disputa entre o proprietário da pedreira e o dos terrenos contíguos, decidindo-se o pleito ao cabo de vinte anos.
Interiores
Faria esta jóia parte do tesouro de Riba Fria? É possível. O que é fora de dúvida é que no palácio ou na torre nada existia, tendo sido infrutíferas todas as buscas ali realizadas há mais de vinte anos, quando o palácio saiu da posse da casa do Conde de Penamacor, para um novo proprietário. No entanto, há ainda quem afirme que nessas buscas alguma pequena parte do tesouro foi encontrada pelos operários, na ausência do proprietário, que nunca dela teve conhecimento."


© O Caminheiro de Sintra

P.S.: Quanto à localização dos sítios mencionados neste blog, tive durante muito tempo a dúvida se a mesma haveria de ser aqui disposta ou não. Pela resolução positiva, peço que faça o melhor uso possível desta informação, o qual principalmente tem a ver com a preservação do património e a não poluição dos locais sob que forma for. Tendo boa fé em si, deixo-lhe aqui no mapa (seta verde - poderá ampliar o mapa para ver melhor), a Quinta dos Ribafria em Sintra, Portugal:


Ver mapa maior