© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
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Imagem: autor Flickr gmancgn_2010
Um importante relato do ambiente da Serra de Sintra entre 1723 e 1726, pode ser encontrado nas “Memórias Instrutivas de Portugal”, onde Charles Fréderic de Merveilleux para além de outras zonas do país - e em especial Lisboa - escreve sobre detalhes extremamente interessantes de Sintra à época.
Desde o Castelo de Sintra às superstições dos portugueses, passando pelos Subterrâneos de Sintra ou pelo Convento dos Capuchos, e pela senhora Pedagache, que dizia-se que era capaz de ver através de volumes físicos.
"Deu-me também [D. Diogo de Mendonça] um salvo-conduto para visitar a Serra de Sintra e o seu castelo, onde seria arriscado ir sem tal garantia, como, aliás, a todo o restante reino. E isto porque os portugueses estão convencidos que o seu país está cheio de tesouros ocultos e que os estrangeiros têm artes de lhos descobrir.
Enquanto estive na Serra de Sintra, cheguei à conclusão que esta serra era constituida de uma maneira muito particular e a tal ponto que julgo não haver outra assim em todo o mundo. A serra termina num promontório que, à distância de duas léguas, serve de guia aos navegantes.
"Há ali túmulos, a calcular pelas covas que se observam..." |
Compõe-se a serra de grandes pedras, algumas com dez pés de diâmetro, amontoadas umas sobre as outras, assim como as crianças amontoam nozes, sem nada a ampará-las, principalmente nos cimos onde estão as ruínas do antigo Castelo dos Mouros e onde existiu uma cidade bastante considerável a julgar pelo recinto cingido pelas muralhas torreadas e pelos subterrâneos que frequentemente se descobrem quando se procede a escavações.
Alguns têm muitas toezas de profundidade, medidas por mim com a exactidão que me foi possível, utilizando um prumo. Contudo, entre essas pedras o que existe não são cavernas mas sim nichos. As pedras aguentam-se umas às outras e servem de assento às antigas torres e muralhas dessa surpreendente fortaleza de que não restam mais que vestígios.
Há ali túmulos, a calcular pelas covas que se observam, as quais parece terem sido abertas com mais preceito que as concavidades de que anteriormente falei. Todo o recinto está coberto de silvas, de espinheiros e giestas que impedem a passagem. Frequentemente, porém, consultava as Memórias [nota CdS: as do próprio] e por elas me guiava."
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As outras partes de Sintra nas Memórias de Charles Merveilleux, relato do século XVIII:
II. Subterrâneos de Sintra e os Seus Tesouros - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte II
III. Cisterna do Castelo dos Mouros e Sua Descoberta, ou a Segunda Parte dos Tesouros de Sintra - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte III
IV. O Magnetismo de Sintra - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte IV
V. As Visões de Sintra - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte V
VI. A Senhora Pedagache - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte VI
VII. O Curandeiro de Sintra - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte VII
VIII. O Convento dos Capuchos, e os seus Capuchinhos - As Memórias de Charles Fréderic Merveilleux - Parte VIII
P.S.: Quanto à localização dos sítios mencionados neste blog, tive durante muito tempo a dúvida se a mesma haveria de ser aqui disposta ou não. Pela resolução positiva, peço que faça o melhor uso possível desta informação, o qual principalmente tem a ver com a preservação do património e a não poluição dos locais sob que forma for. Tendo boa fé em si, deixo-lhe aqui no mapa (seta verde - poderá ampliar o mapa para ver melhor), o Castelo de Sintra ou Castelo dos Mouros, Portugal:
Ver mapa maior
Créditos da fotografia do Castelo de Sintra ou Castelo dos Mouros: Autor Flickr gmancgn_2010