© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
A comum Lenda do Túmulo dos Dois Irmãos, chega-nos por intermédio do Visconde de Jerumenha, através do seu "Cintra Pinturesca", do ano de 1838.
Num próximo post, irá ser colocada a versão de Félix Alves Pereira, autor o qual faz uma excelente análise da lenda, bem como da forma como o túmulo chegou até meados do Século XX.
Para já, a versão do Visconde de Jerumenha, de 1838, seguida de outra, ainda mais comum, que hoje em dia corre pela internet.
Lenda do Túmulo dos Dois Irmãos; Visconde de Juromenha, Cintra Pinturesca - 1838
"É conhecida esta sepultura pela denominação de Sepultura de Dois Irmãos, nome que já tinha no século XV, como consta de um instrumento daquela época.
Dizem os naturais que, o que dera origem a esta denominação fora a tradição que entre eles corre antiga de pais e filhos que passo a descrever como a ouvi a um velho de noventa anos todo inebriado da sua veracidade:
Dois irmãos traziam amores por uma donzela que por aqueles sítios habitava, ignorando ambos os amores um do outro. Acontecendo por uma triste fatalidade encontrarem-se os dois irmãos, em uma noite tenebrosa, debaixo do balcão do objecto que tão enfeitiçados os trazia, um deles, persuadido que o outro lhe disputava os favores da sua dama, corre cego e inconsiderado sobre ele, e o estende morto a seus pés, vítima de um frenético ciúme. Porém, qual é a sua desesperação, quando pela voz moribunda daquele que julga seu rival, reconhece Ter sido assassino do seu próprio irmão, que muito amava e lhe expira nos braços!
Cheio de desespero, volta contra o peito o ferro fratricida, e a cai morto sobre o cadáver ensanguentado do irmão, preferindo uma morte pronta, a uma vida inconsolável, cheia de remorsos."
Versão de Domínio Popular
"Conta a lenda que dois irmãos disputavam os amores da mesma moça sem o saberem. Um dia, talvez desconfiado de que a sua amada tinha outro, um deles resolveu vigiá-la durante a noite. Inevitávelmente, apareceu o irmão, embuçado num capote. Ruído de ciúme, e não sabendo quem era o rival, apunhalou-o até à morte. Mas ao descobrir-lhe o rosto inerte, reconheceu o rosto fraterno e, de imediato, cravou o punhal em si próprio. Diz o povo que foram sepultados juntos, porque o túmulo apresenta duas cabeceiras com uma cruz templária increstada."
© O Caminheiro de Sintra
P.S.: Quanto à localização dos sítios mencionados neste blog, tive durante muito tempo a dúvida se a mesma haveria de ser aqui disposta ou não. Pela resolução positiva, peço que faça o melhor uso possível desta informação, o qual principalmente tem a ver com a preservação do património e a não poluição dos locais sob que forma for. Tendo boa fé em si, deixo-lhe aqui no mapa (seta verde - poderá ampliar o mapa para ver melhor), o Túmulo dos Dois Irmãos em São Pedro de Sintra, Portugal:
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