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sábado, 5 de junho de 2010

Lenda da Peninha em Duas Versões Curtas


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fontes: Guia de Portugal, 1880; Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: autor Flickr ouriço


  Tal como no primeiro post sobre a Lenda da Peninha, do qual constavam duas versões longas da mesma, também nestas duas versões curtas as histórias se regem pelo mesmo: na era de D. João III, uma pastorinha muda, o aparecimento de uma imagem de Nossa Senhora, e a construção de uma capela em devoção a Nossa Senhora, por parte do povo.


::::: Primeira Versão Curta da Lenda da Peninha

Conta-se que em tempo de D. João III, andava por esta serra (de Sintra) uma rapariga muda, pastoreando um rebanho de ovelhas, das quais se extraviou uma, e procurando-a, foi encontrá-la sobre o rochedo, onde aparecendo-lhe a Nossa senhora, sob a forma de uma formosa menina, lhe deu fala.


Correu o povo ao sítio, e ali se encontrou uma imagem da Virgem, feita de pedra, a qual foi transportada para a ermida de S. Saturnino, que era perto dali.

Três vezes a imagem desapareceu da ermida e aparecia entre os penedos; e foi por isso que o povo se resolveu a construir ali uma pequena capela, que foi feita à custa de esmolas.

Corria o ano de 1673, e Pedro da Conceição resolveu edificar em lugar da capela uma igreja e um hospício. Demoliu-se portanto a antiga edificação, e construiu-se este pequeno templo que vê, todo à custa daquele devoto, que aqui gastou quase tudo quanto tinha, e quando acabou a obra fez-se aqui ermitão.



::::: Segunda Versão Curta da Lenda da Peninha

Num píncaro da serra se ergue a Ermida de Nossa Senhora da Peninha. Decorria exactamente o reinado de D. João III. Uma pastorinha muda, de Almoinhas Velhas, diáriamente subia a serra para apascentar o seu rebanho. Foge-lhe uma ovelhinha branca, e, por isso, chora copiosamente, correndo montes e vales.

Mira os longes do alto enorme do rochedo, quando admirada fica de ver, a seus pés, a ovelhinha junto da Virgem.

Esta lhe dá o dom da fala, lhe seca as lágrimas e diz-lhe que se recolha a casa, e vá à arca buscar pão, pois devia estar com fome.

Responde a pequena pastora que pão não havia há ror de tempo, pois a cultura fora safara na produção.
Recolhendo ao humilde casebre, fala desenvoltamente à mãe e dirigi-se à arca, ali encontrando vários pães.
A família e a vizinhança, perante o milagre, ficam estupefactas, sobem à fraga do alto da serra, e dentro da gruta, meio entulhada, foram encontrar uma imagem de Nossa Senhora. Trazem-na em procissão, para a Ermida de S. Saturnino, mas daqui desapareceu três vezes e outras tantas foi encontrada na mesma gruta da Serra.

Cotizam-se os aldeões, e erguem-lhe então uma rude ermida, depois substituída por outra de melhor traça, que constitui a capela-mor da igreja seiscentista que na Peninha foi levantada.



© O Caminheiro de Sintra


P.S.: Quanto à localização dos sítios mencionados neste blog, tive durante muito tempo a dúvida se a mesma haveria de ser aqui disposta ou não. Pela resolução positiva, peço que faça o melhor uso possível desta informação, o qual principalmente tem a ver com a preservação do património e a não poluição dos locais sob que forma for. Tendo boa fé em si, deixo-lhe aqui no mapa o percurso desde (seta verde - poderá ampliar o mapa para ver melhor), o lugar de Almoinhas Velhas, Concelho de Cascais, até à Capela de Nossa Senhora da Penha ou Santuário da Peninha, em Sintra, Portugal:


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