© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Vídeo: O Caminheiro de Sintra
Imagens: Arquivo do Caminheiro de Sintra
Percorrendo a estrada de São Pedro em direcção a Sintra, onde antes da curva onde se encontra a fonte projectada por Raúl Lino é observável o edifício acastelado do Monte Sereno elevando-se entre as árvores no cume de um monte da Serra, chega-se mais à frente, após curva e contra-curva, até à discreta entrada do Parque da Liberdade.
o Palácio Gandarinha elevando-se em frente a uma das entradas do Parque da Liberdade, em Sintra |
Em frente dessa, um edifício em ruínas leva os aromas da fantasia até aos confins da nossa mente.
É conhecido esse como Casa da Gandarinha, ou Palácio Gandarinha ("Gandarinha", na localidade de Cucujães, Oliveira de Azeméis, onde nasceu o Visconde de Gandarinha).
Em 1850, o terreno era propriedade do Conde do Lavradio (que ajudou a mediar o casamento entre D. Maria II e D. Fernando II), existindo a dúvida de que se existira nesse, já alguma construção. Isso porque num documento de 1888 entende-se que a casa (com a configuração que se encontra) tinha sido reedificada, e não edificada. Surge assim a data da sua construção.
a entrada principal da Casa da Gandarinha |
No entanto não é realmente elucidatório se teria existido uma tal construção no lugar da Casa da Gandarinha antes. E a ter existido, seria provavelmente uma construção de habitação, mais pequena ou degradada.
Mais se entende no referido documento, que o propósito de reedificação teria sido o de alugar o edifício - com as delineação arquitectónica como a vemos hoje - para funcionamento de um hotel, intenção essa do seu proprietário, o Visconde de Gandarinha, mais tarde, também Conde da Penha Longa.
as ruínas que subsistem com o embargamento das obras para hotel, nos anos noventa |
Em 1905 a casa ainda não tinha sido habitada, nem tampouco o hotel funcionara, ao que parece por desistência de tal intento por parte do Visconde de Gandarinha.
edifício principal, traseiras, onde funcionou a "Escola Profissional Doméstica" da Associação Internacional Católica para Obras de Protecção às Raparigas |
Já no século XX, o edifício foi doado a uma instituição católica. A doação inicialmente referida, diz-se que foi feita pela Viscondessa da Gandarinha, que tinha criado o Asilo da Gandarinha (mais tarde conhecido como Fundação Condessa de Penha Longa) em 1874.
A mencionada instituição católica era a Associação Católica Internacional para Obras de Protecção às Raparigas (hoje conhecida como "Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina"), que lá começou a funcionar com uma "Escola Profissional Doméstica" em 1937, actividade que se diz ter-se mantido até 1974.
a Casa da Gandarinha, vista do Lugar da Cruz, tendo ao fundo a Quinta do Monte Sereno |
Nos anos 90, a casa foi vendida a um privado, que pretendia realizar a construção de um hotel. A construção avançou mesmo em força, até que a família dos doadores iniciais (Viscondes de Gandarinha ou Condes da Penha Longa) decidiu agir judicialmente por - tal como acontece com as habitações da Santa Casa da Misericórdia que são recebidas como doação e não podem ser vendidas - depois de ter sido doada, ter sido vendida a um privado (tendo como propósito final a tal construção do hotel, distando assim de qualquer intento misericordioso, implícito na doação inicial). Deu-se então o embargamento, que até hoje se mantém.
© O Caminheiro de Sintra
Pede-se a quem tenha memórias fotográficas do interior do edifício e da propriedade, ou relatos de recordações que deseje partilhar, o favor de entrar em contacto via e-mail.
Pede-se a quem tenha memórias fotográficas do interior do edifício e da propriedade, ou relatos de recordações que deseje partilhar, o favor de entrar em contacto via e-mail.