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A história do Paço Real de Sintra (também conhecido como “Palácio Nacional de Sintra”, e “Palácio da Vila”) remonta aos tempos da ocupação islâmica, dizendo-se que à altura Sintra teria dois castelos.
Um deles, era - e é - localizado no topo de uma colina com vista para norte, e é actualmente denominado de “Castelo de Mouros”.
O outro, localizado no declive dessa mesma colina, supostamente terá sido a residência dos governantes mouros da região, tendo tempos depois da Reconquista, sido denominado de Paço Real de Sintra.
Essa - estranha de se ler nos dias de hoje - primeira referência histórica, surgiu no século X pelo geógrafo árabe Al-Bakr. Depois, no século XII, quando Sintra foi tomada em paz por D. Afonso Henriques, a residência dos governantes árabes passou a ser um edifício importante na conjectura do reino português, tendo inclusive alguns autores assumido que tinha sido essa uma das casas que D. Afonso Henriques havia doado a Gualdim Pais, Grão-Mestre da Ordem dos Templários em Portugal.
Da forma mourisca do Paço Real de Sintra, dos primeiros tempos de ocupação cristã, diz-se nada se ter mantido até aos dias de hoje, sendo talvez a parte mais antiga, a Capela Real, possivelmente construída durante o reinado de D. Dinis no início do século XIII.
As grandes campanhas de renovação do Paço Real de Sintra, começaram talvez com D. João I, por volta do século XIV, nos edifícios à volta do pátio central (recorde-se que a antiga configuração do Paço Real de Sintra tinha ao longo do perímetro do largo que fica à frente da actual escadaria, altos muros fazendo lembrar um castelo) onde as suas maiores alterações datam desta campanha, que incluiu o edifício principal com as arcadas, bem como as chaminés cónicas. Do interior, e datando ainda desta modificação, uma série de salas foram fundadas, como por exemplo a Sala das Pegas (na qual se basei uma das lendas do Paço Real de Sintra, ou Palácio Nacional de Sintra).
Seguiram-se depois outros projectos de renovação, um ainda no mesmo século XV, e outro no século XVI. Desses projectos ordenados pelo rei D. Manuel I e pelo rei D. João III, entre 1497 e 1530, e à medida que o reino ia assistindo ao desenvolvimento de um estilo de transição da arte Gótico-Renascentista denominado “Manuelino”, inspirado nos feitos dos portugueses nos Descobrimentos, bem como uma espécie de renascimento artístico de influência islâmica chamado de Mudéjar, o Paço Real de Sintra ganhou em certas partes os tons policromáticos dos azulejos de traçado islâmico, bem como a Ala Manuelina (no extremo direito, estando de frente para as arcadas e possuindo decoradas janelas em pedra) e a Ala Joanina. Surgiu também durante estas modificações, a Sala dos Brasões.
Nessas primeiras renovações pela parte de D. Manuel, o arquitecto responsável foi Diogo Boytac (também conhecido como "Diogo de Boitaca"), crendo-se que tenha sido este um dos primeiros maçons em Portugal. Apesar deste facto, algumas assinaturas maçónicas que constam desse edifício bem como de outros em Sintra, tudo leva a crer que fizeram parte das obras de reparação realizadas após o terramoto de 1755. Na ocorrência do mesmo, a maior perda foi a torre sobre a Sala Árabe, que desabou.
A configuração actual, sem muralha em redor da praça sita em frente à escadaria das arcadas, ficou consumada no início do século XX, quando também após a implantação da República, o Paço Real de Sintra foi considerado Monumento Nacional.
Outros factos de nota relacionados com o Paço Real de Sintra:
- Na Sala dos Brasões, após a conspiração contra o rei D. José I, o brasão da família Távora foi removido [As armas dos Tavoras foram, em resultado da sabida sentença, apagadas, e mal se enxergam... in O Paço de Cintra, Conde de Sabugosa, p.193.].
- D. Duarte I, filho de D. João I, gostava muito do Paço Real de Sintra e durante muito tempo aí permaneceu. Acabou por deixar uma descrição bastante importante, frisando que a maior parte do edifício não mudou muito desde as renovações realizadas por seu pai, D. João I.
- O sucessor de D. Duarte I, o rei D. Afonso V, nasceu (em 1432) e faleceu (em 1481), no Paço Real de Sintra. Por sua vez, o seu sucessor, D. João II, foi aclamado rei de Portugal no mesmo edifício.
- Diz-se também que o rei D. Sebastião ouviu no Paço Real de Sintra, Luís Vaz de Camões a recitar “Os Lusíadas”, antes da partida do primeiro para Alcácer-Quibir.
- D. Afonso VI, que foi deposto por seu irmão D. Pedro II, por ser declarado mentalmente instável foi forçado a lá viver sem de lá sair, de 1674 até ter lá falecido no ano de 1683.
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P.S.: Quanto à localização dos sítios mencionados neste blog, tive durante muito tempo a dúvida se a mesma haveria de ser aqui disposta ou não. Pela resolução positiva, peço que faça o melhor uso possível desta informação, o qual principalmente tem a ver com a preservação do património e a não poluição dos locais sob que forma for. Tendo boa fé em si, deixo-lhe aqui no mapa (seta verde - poderá ampliar o mapa para ver melhor), o Paço Real de Sintra, Portugal:
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