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domingo, 8 de janeiro de 2012

Sintra em "A Canção de Lisboa", em 1933 - "...sonhar castelos no ar..."


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagens: arquivo de O Caminheiro de Sintra
Filme: excerto de "A Canção de Lisboa"



  Em 1933 a produtora Tobis realizava o seu primeiro filme. Dos locais escolhidos para as filmagens, Sintra acabou por ser eleita, incorporando de forma perfeita o desígnio do guião que lhe estava destinado. A 7 de Novembro de 1933, era então lançada "A Canção de Lisboa" ao público.

  Entre as delícia das pessoas surgiram vozes mais mesquinhas a tentar minorizar o filme, pegando por coisas simplicíssimas. 

O filme é popular!
O Vasco usa um chapéu impróprio de um quintanista de medicina!
As tias não deviam ter desmaiado!
O Vasco é Gordo!




Alice e Vasco, noivos em sonho nas torres do Castelo dos Mouros
  O que é certo é que as vozes da inveja e do maldizer acabaram por emudecer com o estrondoso sucesso do filme, no fim aclamado e elevado por todos.

  O excerto destinado a Sintra retrata o divagar de Alice (Beatriz Costa) num dos seus sonhos, durante o seu trabalho, onde se vê casada com Vasco Leitão. A felicidade leva-a às maravilhas da Pena, à muralha do Castelo dos Mouros no alto céu, dançando nas torres, entre outros pequenos trechos de outras zonas.

as filmagens de "A Canção de Lisboa" no Castelo dos Mouros em Sintra
  Este sonho é também retratado na belíssima música que o acompanha, e que através da sua letra eleva Sintra no sonho, ao "sonhar castelos no ar".

  A música foi composta por Raúl Ferrão e Raúl Portela, e a letra - bem como o argumento do filme - foi escrita por José Galhardo.

  De notar ainda, que Almada Negreiros elaborou dois cartazes para "A Canção de Lisboa".

um dos cartazes de "A Canção de Lisboa" elaborados por Almada Negreiros

  E para quem com a música se sinta identificado, com o "sonhar castelos no ar", aqui fica a letra de José Galhardo, para melhor a acompanhar.

Todas nós temos na vida uma ilusão mais querida, ilusão de amor.
Uma esperança mais extremosa, um sonho cor-de-rosa, perturbador.
Também eu vivo a sonhar e vejo-me a passar entre a multidão,
quando um dia eu me casar, saindo com o meu par, cheia de emoção.
Pombas lindas às centenas, vejo-as esvoaçar pelo azul do céu, da cor das açucenas e do meu véu.

Julgo às vezes que é verdade e chego a acreditar que o bom Deus o quis,
que o meu sonho é realidade e que eu vou ser feliz.

Tem tantos encantos, sonhar castelos no ar.
Dormir e não despertar, quem dera!
Viver no falso ideal de uma quimera.
Passar a vida, a sonhar!

Logo após o casamento, eu sonho aquele momento ideal p'ra nós.
Em que iremos enlaçados, meigos namorados, p'ra longe a sós.
Num ambiente de ventura, de paz, de frescura e de solidão,
entre sombras de arvoredo, um beijo dado a medo, imagino então.

O aroma embriagador da primavera em flor, embalsama o ar,
nesse jardim de amor que vejo a sonhar.
E ele, o meu apaixonado, eu vejo-o ajoelhado bem junto a mim,
confessando-me enlevado, uma paixão sem fim.

Tem tantos encantos, sonhar castelos no ar.
Dormir e não despertar, quem dera!
Viver no falso ideal de uma quimera.
Passar a vida, a sonhar!


© O Caminheiro de Sintra


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::: Sintra em "A Canção de Lisboa", em 1933
::: Sintra no Cinema I
::: Sintra no Cinema II
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::: Sintra nos Anos 40 do Século XX - "Ameaça!"
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::: "Em Cintra" - ano de 1926 por Artur Costa de Macedo
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