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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Simbologia da Maçonaria, José Alfredo da Costa Azevedo e a Loja Luz do Sol ou a Maçonaria em Sintra - Parte VIII



© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagem: Arquivo do Caminheiro de Sintra


  Quarto artigo de quatro da autoria de José Alfredo da Costa Azevedo, sobre a loja maçónica de Sintra Luz do Sol, publicados no Jornal de Sintra no século XX, e posteriormente publicados nos volumes do autor "Velharias de Sintra":

"Já disse no capítulo anterior, que não consegui determinar a data em que iniciou os seus trabalhos a loja de Sintra, nem quando os acabou. Limitei-me a dizer, mas sem fazer uma afirmação, que teria sido fundada em fins do século XIX ou princípio do XX. Disse, em outros trabalhos, que comecei a frequentar o Centro Republicano de Sintra quando tinha 13 ou 14 anos, portanto em 1920 ou 21 e, praticamente, nunca deixei de o frequentar até desempenhar as funções de secretário da direcção, já disfarçado em Grémio Sintrense, o que não o salvou de ter sido fechado no tempo de Salazar. E, por esta razão é que admito que a Loja Luz do Sol teria acabado pouco depois da implantação da República, dado que, desde que comecei a frequentar o Centro até ao seu encerramento pelas autoridades, nunca tinha ouvido falar em maçonaria.

E isto aconteceu, também, com a data em que a maçonaria se instalou em Portugal, ou mesmo a data da sua origem



Jacinto Eduardo Pacheco, numa conferência que fez, em Abril de 1930, no Grémio Michaelense (Açores), e editada no mesmo ano disse, logo no princípio:

«É difícil procurar uma solução satisfatória sobre a origem da Maçonaria.
Muitos são os escritores que teem perscrutado qual o momento em que esta sublime instituição teve o seu início.

(...)

Assim, uns, para darem à Maçonaria um cunho de antiguidade, fantasiam-lhe um modo de ser envolvido nas nuvens da fábula ou a recuam aos primeiros dias da criação do mundo; outros a tomam como a continuação dos antigos mystérios da Índia da Chaldea. Há quem lhe atribua uma origem christã, havendo, também, quem seja de parecer que o seu início foi devido às cruzadas da idade média e particularmente à Ordem dos Templários».

O que acabaram de ler e o que vou escrever ainda, nada tem com a loja maçónica que existiu em Sintra, mas sim com a Maçonaria. E, no final deste trabalho, direi a razão por que o escrevi.

Como já referi em Casal de Pianos e a família Nogueira de Andrade {Velharias de Sintra - VI), no seu trabalho, Primórdios da Maçonaria em Portugal, os seus autores, os professores Graça e J. S. da Silva Dias, dizem, a páginas 290 do primeiro volume:

«A fundação da loja de que D. André de Morais Sarmento viria a ser a figura mais representativa parece não ser anterior a 1790. Pelos fins deste ano, foram admitidos nela o cónego da Sé de Lisboa, Francisco da Silva Queiroz, o sargento-mór de Artilharia da Marinha Jerónimo José Nogueira de Andrade e o capitão de engenharia Matias José Dias Azevedo».

Editados, há muitos anos, em data posterior ao 28 de Maio, foi avisado pela «Comissão de censura» e distribuído um pequeno desdobrável com o título Princípios e Preceitos Maçónicos. Dele transcrevo o seguinte:

«- Moraliza pelo exemplo; sê obsequioso; tolera todas as crenças e todos os cultos, mas tem por dever lutar contra a superstição, o fanatismo e a reacção, como os mais resistentes obstáculos ao progresso humano.
- Ama os bons; anima os fracos, foge dos maus, mas não odeies ninguém.
- Regosija-te com a Justiça; insurge-te contra a iniquidade; sofre os azares da sorte, mas luta contra eles no intuito de os vencer.
- Quando fores pai alegra-te, mas compreende a importância da
tua missão. Sê um protector fiel do teu filho; faze que até aos dez anos te obedeça, até aos vinte te ame e até à morte te respeite. Até aos dez sê seu mestre, até aos vinte seu pai e até à morte seu amigo. Ensina-lhe bons princípios, de preferência as belas maneiras; que te deva uma
rectidão esclarecida e não uma frívola elegância; fá-lo um homem honesto de preferência a hum homem astuto».

E, para terminar esta série de transcrições:

«- Considera o trabalho como um dos deveres primordiais do homem, honrando egualmente o trabalho manual e o intelectual».

Ora, como disse no primeiro capítulo, a minha avó dizia que os, mações reuniam para cuspirem num crucifixo. E como ela, muita gente dizia o mesmo. E hoje, no século das luzes, ainda há muita gente que pensa assim, porque, para dizer disparates, basta ter boca.

Foi com a finalidade de esclarecer alguns que escrevi o que , acabaram de ler. Os «irmãos» da Loja Luz do Sol que referi, e que muitos sintrenses, ainda vivos, conheceram, seriam capazes de cuspir num crucifixo? Um cónego viram, foi iniciado mação, faria tal disparate?

Os preceitos maçónicos que transcrevi, podem permitir uma coisa dessas?

E se a origem da Maçonaria, como alguns investigadores pretendem, remontam a época anterior a Cristo, até podemos admitir que Jesus Cristo teria sido mação."


© O Caminheiro de Sintra


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