© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagens: arquivo de O Caminheiro de Sintra
Filme: excerto de "A Canção de Lisboa"
Em 1933 a produtora Tobis realizava o seu primeiro filme. Dos locais escolhidos para as filmagens, Sintra acabou por ser eleita, incorporando de forma perfeita o desígnio do guião que lhe estava destinado. A 7 de Novembro de 1933, era então lançada "A Canção de Lisboa" ao público.
Entre as delícia das pessoas surgiram vozes mais mesquinhas a tentar minorizar o filme, pegando por coisas simplicíssimas.
O filme é popular!
O Vasco usa um chapéu impróprio de um quintanista de medicina!
As tias não deviam ter desmaiado!
O Vasco é Gordo!
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Alice e Vasco, noivos em sonho nas torres do Castelo dos Mouros |
O que é certo é que as vozes da inveja e do maldizer acabaram por emudecer com o estrondoso sucesso do filme, no fim aclamado e elevado por todos.
O excerto destinado a Sintra retrata o divagar de Alice (Beatriz Costa) num dos seus sonhos, durante o seu trabalho, onde se vê casada com Vasco Leitão. A felicidade leva-a às maravilhas da Pena, à muralha do Castelo dos Mouros no alto céu, dançando nas torres, entre outros pequenos trechos de outras zonas.
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as filmagens de "A Canção de Lisboa" no Castelo dos Mouros em Sintra |
Este sonho é também retratado na belíssima música que o acompanha, e que através da sua letra eleva Sintra no sonho, ao "sonhar castelos no ar".
A música foi composta por Raúl Ferrão e Raúl Portela, e a letra - bem como o argumento do filme - foi escrita por José Galhardo.
De notar ainda, que Almada Negreiros elaborou dois cartazes para "A Canção de Lisboa".
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um dos cartazes de "A Canção de Lisboa" elaborados por Almada Negreiros |
E para quem com a música se sinta identificado, com o "sonhar castelos no ar", aqui fica a letra de José Galhardo, para melhor a acompanhar.
Todas nós temos na vida uma ilusão mais querida, ilusão de amor.
Uma esperança mais extremosa, um sonho cor-de-rosa, perturbador.
Também eu vivo a sonhar e vejo-me a passar entre a multidão,
quando um dia eu me casar, saindo com o meu par, cheia de emoção.
Pombas lindas às centenas, vejo-as esvoaçar pelo azul do céu, da cor das açucenas e do meu véu.
Julgo às vezes que é verdade e chego a acreditar que o bom Deus o quis,
que o meu sonho é realidade e que eu vou ser feliz.
Tem tantos encantos, sonhar castelos no ar.
Dormir e não despertar, quem dera!
Viver no falso ideal de uma quimera.
Passar a vida, a sonhar!
Logo após o casamento, eu sonho aquele momento ideal p'ra nós.
Em que iremos enlaçados, meigos namorados, p'ra longe a sós.
Num ambiente de ventura, de paz, de frescura e de solidão,
entre sombras de arvoredo, um beijo dado a medo, imagino então.
O aroma embriagador da primavera em flor, embalsama o ar,
nesse jardim de amor que vejo a sonhar.
E ele, o meu apaixonado, eu vejo-o ajoelhado bem junto a mim,
confessando-me enlevado, uma paixão sem fim.
Tem tantos encantos, sonhar castelos no ar.
Dormir e não despertar, quem dera!
Viver no falso ideal de uma quimera.
Passar a vida, a sonhar!
© O Caminheiro de Sintra
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