colecções disponíveis:
1. Lendas de Sintra 2. Sintra Magia e Misticismo 3. História de Sintra 4. O Mistério da Boca do Inferno 5. Escritores e Sintra
6. Sintra nas Memórias de Charles Merveilleux, Séc. XVIII 7. Contos de Sintra 8. Maçonaria em Sintra 9. Palácio da Pena 10. Subterrâneos de Sintra 11. Sintra, Imagem em Movimento


domingo, 30 de maio de 2010

Lenda do Convento dos Capuchos de Sintra ou "A Tentação de Frei Honório"


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fontes: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagens: autores Flickr (respectivamente) PesterussaTiago A. Pereirapmdcsb


O corredor do dormitório do Convento
dos Capuchos da Serra de Sintra
  O Convento dos Capuchos, sito no centro da Serra de Sintra, o qual foi sempre habitado por comunidades de frades da Ordem dos Franciscanos (também conhecida como Ordem dos Frades Menores devido ao seu voto de pobreza), é palco de uma lenda mais comummente conhecida como A Tentação de Frei Honório.

  Esta lenda centra-se num frade do Convento dos Capuchos, de seu nome Honório, que se deparou um dia com o diabo, que o tentou tentar sob a forma de mulher, tentação essa que Frei Honório ignorou.

  A lenda acaba por atribuir um impacto ainda maior ao simbolismo dos Capuchos na Serra de Sintra. De seis caminhos, é uma encruzilhada, que tal como qualquer outra da Europa ou mais especificamente de Portugal, se vê como o cruzamento com os caminhos do destino, o cruzamento com as outras vidas, o cruzamento com os medos, ou simplesmente o realçar desses, em especial se num ambiente propício ao aparecimento desse sentimento. Na Cultura Europeia, as encruzilhadas sempre foram tomadas como locais onde à noite os diabos e as feiticeiras se encontravam para celebrar os seus Sabat.
Janela que dá para a passagem da Casa das Águas
no Convento dos Capuchos em Sintra

  Uma encruzilhada, acaba também por ser o símbolo do próprio interior do ser Humano, nos seus vários caminhos de pensamentos, ideias, sentimentos, e emoções, que a sua percepção percorre dentro de si mesmo, encontrando - muitas vezes com surpresa - desconhecidos caminhos, ou outros desconhecidos símbolos que enlevam o medo. Assim acontece também - num misto de interior com o exterior - na lenda do Convento dos Capuchos de Sintra, ou na - suposta - "Tentação de Frei Honório".

Lenda da Gruta da Fada de Sintra - O Mito da Gruta do Monge



© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagens: Arquivo do Caminheiro de Sintra


  A Lenda da Gruta da fada é uma Lenda de Sintra, que já o sendo acaba por ser um mito em si.

  O que é capaz de tornar essa lenda em mito, é o facto de as poucas linhas existentes que a tornam numa Lenda de Sintra, subsistem no tempo e no espaço, sem que a mesma se alargue. Talvez o factor primordial para tal se deva ao facto de que a gruta aludida ser inexistente, ou pelo menos, a mesma não existir hoje em dia, como possivelmente outrora existiu, "na entrada da Pena, à esquerda de quem sobe"...

  Publicada pela primeira vez no jornal / revista Cyntra, número 6 de 1912, de acordo com Manuel Gandra, a Lenda da Gruta da Fada deu azo a que fosse quase sempre confundida com a Gruta do Monge (2ª fotografia deste post / foto à esquerda) no Parque da Pena, ou com uma outra que essa antecede (1ª fotografia deste post / foto à direita).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Peninha em Sintra - Lendas, Misticismo, Magia, Mitos



© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagem: Arquivo do Caminheiro de Sintra



  A Peninha é um local na Serra de Sintra, considerado por muitos como mágico, devido ao verde e à vista, que enfatizado pelos locatários vento e nevoeiro, faz com que a mente de quem na Peninha se encontre, viaje até tempos imemoriais, com um sabor a mistério e ao misticismo que tira qualquer pessoa do presente, e a leva até aos enigmas do passado e às incógnitas do futuro.

  Apresenta-se como sendo das áreas da Serra de Sintra, talvez a mais virgem em termos da flora de Sintra, e também da fauna de Sintra onde abundam em maior número as espécies da Serra.

  Perto da Peninha, a Noroeste, a Anta de Adrenunes, monumento sepulcral da época Megalítica (entre 4800 A.C. e 2500 A.C.), atribuindo a Sintra ou a quem a sente, um sentimento de importância para a Humanidade, tão longo como seis ou sete milénios conseguem ser.

  Mais perto do monte da Peninha, as Casas dos Romeiros, do Século XVIII, levantadas para apoiar e acolher os peregrinos que até ao Santuário da Peninha iam.

  Na base do monte da Peninha, a Ermida de São Saturnino dos tempos medievais, erigida por D. Pêro Pais, companheiro de armas de D. Afonso Henriques na conquista do território português, sendo assim desse modo, uma das mais - senão talvaz a mais - antigas ermidas de Portugal (Século XII - o início de Portugal).

o cume da Peninha, no ano de 1884
em gravura de Caetano Alberto e co-autor desconhecido







  No cume do monte da Peninha, a Capela de Nossa Senhora da Penha (Santuário da Peninha), erguida no Século XVI, no reinado de D. João III, segundo a Lenda da Peninha, em que Nossa Senhora tinha aparecido perante uma jovem e muda pastorinha, e nela operado um milagre.

  Dividindo o cume do monte da Peninha com o Santuário da Peninha, o Palácio da Peninha, ou o Palacete de Carvalho Monteiro, o homem que mandou edificar a Quinta da Regaleira, e que deu início aos trabalhos na Peninha em 1918, tendo-os deixado praticamente no início, devido ao seu falecimento em 1920.

  Por fim, e de realce não menos acentuado que os restantes pontos da Peninha, junto ao Santuário e ao Palácio, bem como à Ermida de São Saturnino, em algumas rochas podem-se encontrar arredondados ou cilíndricos buracos de uma dimensão considerável, que funcionaram como sepulturas em rocha, com enterros dos Séculos XII, XIII, e XVI, segundo investigações arqueológicas.


© O Caminheiro de Sintra

Lenda dos Cinco Altos de Nomes Iguais e de Apelidos Diferentes de Sintra


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: Arquivo do Caminheiro de Sintra



  Lenda simples e de domínio popular, sobre a origem do nome de cinco locais de Sintra. A gravura acima disposta representa a Quinta da Penha Verde, vista da estrada, o autor é desconhecido, mas data de 1866.

"O Senhor, Deus Todo-Poderoso, criava o mundo e preparava-se para moldar e edificar a Serra de Sintra, quando ouviu solicitações dos materiais a empregar naquele cometimento.


Prosseguindo a lenda, o Criador um a um dos seus solicitantes e de comum acordo arranjou solução para os pedidos formulados. O Grande Arquitecto, afável e sorridente, docemente reparou em cinco rochas que nada pediram. Inquirindo do seu mutismo, aqueles fraguedos solicitaram mudança de nome. Não desejavam ser chamadas rochas, penhascos, ou fraguedos.

Lenda do Túmulo dos Dois Irmãos, em Sintra


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra



  A comum Lenda do Túmulo dos Dois Irmãos, chega-nos por intermédio do Visconde de Jerumenha, através do seu "Cintra Pinturesca", do ano de 1838.

  Num próximo post, irá ser colocada a versão de Félix Alves Pereira, autor o qual faz uma excelente análise da lenda, bem como da forma como o túmulo chegou até meados do Século XX.

Lenda da Peninha de Sintra - Duas Versões Longas


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagens: autor Flickr iPhil, e Arquivo do Caminheiro de Sintra


o cume da Peninha na primeira década
do novo milénio

Em todas as quatro versões da Lenda da Peninha, a história remete sempre para a época de D. João III, em que perto da Peninha em Sintra - e em algumas versões, especificamente em Almoinhas Velhas (nota: assinalado no mapa que se encontra no fim deste post), lugar perto da Malveira da Serra (Concelho de Cascais) - uma rapariga muda pastoreava um rebanho.

A pastorinha acaba por ficar com o poder de falar, e uma imagem de Nossa Senhora aparece na região da Peninha.

O povo, espantado pelo milagre e pelo aparecimento da imagem de Nossa Senhora, acaba por eregir uma pequena capela, hoje conhecida como Capela de Nossa Senhora da Penha, ou Santuário da Peninha:

::::: Primeira Versão da Lenda da Peninha

Conta-se que no reinado de D. João III havia no lugar de Almoinhos Velhos (nota: o correcto é Almoinhas Velhas) uma rapariga muda, guardadora de ovelhas e muito temente a Deus.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lenda de Seteais ou Palácio de Seteais V - Versão de João Diogo Correia (1958)


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Revista Portugal, v.23, 1958
Imagem: Arquivo do Caminheiro de Sintra


O Campo e o Arco de Seteais
com o Palácio da Pena
na distância
  Após as várias versões da Lenda de Seteais publicadas n'O Secreto Palácio de Sintra, bem como a história de Seteais e de seu palácio, eis aqui um artigo de João Diogo Correira, saído na "Revista Portugal" de 1958, volume 23, na secção "Notas Toponímicas", em que o autor questiona a etimologia de "Seteais", abordando notas históricas do Município de Sintra, onde se incluí a Lenda de Seteais.

"Seteais

Sítio da Freguesia de S. Martinho. Tem um palácio mandado construir nos fins do século XVIII pelo negociante holandês Gildmaester e depois vendido ao Marquês de Marialva, que o restaurou.

domingo, 23 de maio de 2010

Lenda da Praia da Ursa - Cabo da Roca, Sintra



© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagem: autor Flickr almeidafe


A Praia da Ursa, aqui captada por Fernando Almeida

  A Lenda da Praia da Ursa, sita perto do Cabo da Roca no Parque Natural de Sintra-Cascais, é uma curta lenda que serve apenas o propósito de satisfazer a curiosidade da origem do nome da Praia da Ursa.

  Ainda assim, é de realçar o paganismo no qual esta lenda assenta.

Um par de enormes rochedos emergem da água, a norte da Praia da Ursa, mesmo junto a essa, evocando a primeira enorme rocha em seu perfil, a imagem de um urso.

A lenda diz que há muitos milhares de anos, quando a terra era uma enorme bola coberta de gelo, aqui vivia uma ursa com os seus filhos. Quando o degelo começou , os Deuses disseram a todos os animais para abandonarem a beira-mar, mas a ursa não o fez, pois ali tinha nascido e ali queria ficar.

Depois da Conquista de Sintra: Lenda do Sinal do Céu


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Transcrição: Lendas de Portugal, de Gentil Marques
Imagem: autor Flickr pedro prats


- Sim! - confirmou alegremente o rei - Depois
de Lisboa renderam-se os castelos de
Almada, Sintra...
  Não directamente relacionada com Sintra, mas incorporando-se no rol de conquistas de D. Afonso Henriques, e tendo Sintra como prelúdio, esta lenda fala da conquista do Castelo de Alenquer, e em que as figuras principais da Lenda do Sinal do Céu são D. Afonso Henriques e Gualdim Pais, seu importante cavaleiro que partiu depois para a Palestina, onde durante cinco anos militou como Cavaleiro da Ordem do Templo, tendo inclusive participado no cerco da cidade de Gaza. Quando regressou, foi Grão-Mestre dos Templários em Portugal, dando um importantíssimo contributo à propagação da Ordem dos Templários no nosso país.

"Como se estivesse pairando entre o céu e a terra, no silêncio da cela semi-obscurecida, D. Gualdim orava, profundamente entregue às suas devoções. O corpo lasso - cansado de lutas a que se havia exposto durante a famosa e difícil conquista de Lisboa - sentia um prazer físico e espiritual nessa semi-obscuridade, nessa semi-acção, nesse quase absoluto silêncio. De joelhos em terra, o rosto escondido nas mãos, o corpo inclinado para a frente, dir-se-ia a verdadeira estátua de oração. Mas porque a sua sensibilidade era profundamente apurada, o seu espírito começou a subitamente a turbar-se em ondas de alerta, como se movimenta a água parada de um lago ao ser-lhe lançada uma pequenina pedra. 

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Lenda de Santa Eufémia (Ermida de Santa Eufémia de Sintra)


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: quadro da autoria de Fernanda Mattos e Silva


A Ermida de Santa Eufémia em Sintra
no ano de 1962
 "Diz-se que há muitos, muitos anos, na época em que os Bárbaros dominavam o Reino de Portugal, habitava em Sintra uma princesa muito boa e generosa, de nome Eufémia, estando esta apaixonada por um rapaz humilde. O seu pai, que era um rei austero e conservador, sempre foi contra o amor dos dois, e, por imposição deste, os dois apaixonados acabaram por deixar de se encontrar.

Lenda de Seteais IV


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: autor Flickr Vito


O Arco Triunfal de Seteais
e a entrada para o actual hotel
 Mais uma versão da Lenda de Seteais que em muito pouco difere das anteriores publicadas no Secreto Palácio de Sintra, que não pelo detalhe e pelos diálogos:


"No tempo de D. Afonso Henriques, o Castelo de Sintra foi conquistado com a ajuda de uma esquadra estrangeira. Os moradores da região começaram logo a fugir dali para que não fossem alvo de vingança. D. Mendo de Paiva era um dos cavaleiros mais chegados ao rei que fora designado para ocupar o castelo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lenda da Cova Encantada de Sintra


Pesquisa: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: autor Flickr luispabon


Uma das muitas encantadas covas
da Serra de Sintra
"No tempo em que os Mouros dominavam Sintra, os cristãos faziam frequentes incursões contra eles, chegando por vezes muito próximo do castelo.
Num desses recontros travou-se junto do castelo uma renhida batalha. Mas os cristãos foram vencidos porque o seu chefe - um nobre cavaleiro - havia tombado ferido e logo fora aprisionado pelos infiéis.
Conduzido ao castelo, encerraram o ferido num húmido calabouço com cadeias nos pés e nas mãos. O intuito era deixá-lo para ali abandonado, sem alimento nem tratamento até que morresse. Porém, ao atravessar o pátio para dar entrada na prisão que lhe destinavam, foi visto pela filha do alcaide, que estacou petrificada, tal a impressão que o jovem cavaleiro lhe causara. Tentou a donzela saber onde o encerravam. E pela calada da noite, com o auxílio de uma das suas aias, foi visitar o prisioneiro. O silêncio e a escuridão reinavam no cárcere acanhado onde o cavaleiro português estava encerrado. Cautelosamente, a jovem moura abriu o portão de grades e entrou. Deu apenas dois passos. A escuridão era intensa. Ouvia a respiração agitada do prisioneiro. Acendeu um pavio, e a fraca luz iluminou mal o triste cubículo. Mas o cavaleiro português distinguiu perfeitamente o lindo rosto da jovem moura. Perguntou:

- Que quereis, donzela?
Ela respondeu, com aparente serenidade:
- Curar as tuas feridas e trazer-te de comer.
- Quem vos mandou?  
- A minha consciência.
- E se vos virem?
- Espero que não.
- Quem sois?
- Zaida, a filha do alcaide.
Docilmente, o cavaleiro cristão deixou-se tratar pela bondosa e linda sarracena. Quando terminou, ela disse-lhe como despedida:

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sintra, Pedra Amarela: da lenda, a paisagem circundante


© Texto: O Caminheiro de Sintra
Vídeo: O Caminheiro de Sintra





  Ainda sobre a Pedra Amarela em Sintra e sua lenda, ou melhor dizendo "sobre as Pedras Amarelas de Sintra", aqui fica um vídeo do que se pode ver em todo o redor de um dos locais homónimos, distando no entanto do local onde a Lenda da Pedra Amarela ou Lenda do Penedo dos Ovos ocorre (Penha Longa).

© O Caminheiro de Sintra