© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagem: Arquivo do Caminheiro de Sintra

Como segunda adenda desta errata da tradução da carta de doação de D. Afonso Henriques a Gualdim Pais alusiva a Sintra, e já depois de na primeira se ter abordado o termo “Grão-Mestre” no que toca à denominação do responsável máximo pelos Templários em Portugal do século XII ao século XIV - e também o facto de a tradução por mim realizada dentro do Secreto Palácio de Sintra não ter afinal sido a primeira - esta segunda parte foca-se na tradução do termo apud, do latim para o português, na supracitada tradução.
Depois dessa ter sido realizada e revista, existia algo no documento que não se estava a coadunar com outros escritos que à luz da vela que se encontram em desenvolvimento no Secreto Palácio de Sintra, e que têm que ver com a presença Templária em Sintra.
Ora esses opus em tudo apontavam para que os Templários tivessem tido uma forte presença em Sintra, ou pelo menos nos limites daquilo que à altura era definido como Sintra.
O próprio Foral de Sintra diz que: “In primis damus vobis XXX casales cum suis hereditatibus in ulixbona XXX populat oribus qui in presenti illud castellum populatis…” [Francisco Costa: “Em primeiro lugar, damo-vos trinta casais com suas fazendas em Lisboa, a vós trinta povoadores que ao presente povoais aquele castelo…”]. A pergunta que com naturalidade surge, é porque sendo os beneficiados de Sintra recebiam casais em Lisboa.
A utilização do termo “in” é ablativa, e com clareza quer dizer “em”, o que vem dar um reforço à ideia de que os benefícios de que poderiam usufruir, teriam que ser mesmo em Lisboa, ou tanto quanto a lógica nos poderá levar de seguida, não poderiam ser em Sintra. Porquê esta divisão tão acentuada?
Na época da presença romana, e de acordo com a cultura e organização romana, as terras tinham os seus limites muito bem definidos, formando assim fora das grandes cidades, municípios, com todas as regulamentações, direitos e deveres, que lhes eram adstritos. Depois da queda do Império Romano, e com o desfalecimento de toda a sociedade romana, os povos que vieram ocupar esta zona da Península, apesar de se terem introduzido e estabelecido com as suas culturas próprias, não foram capazes de desenvolver moldes de sociedade diferentes daqueles que ainda subsistiam como traços do Império Romano.