colecções disponíveis:
1. Lendas de Sintra 2. Sintra Magia e Misticismo 3. História de Sintra 4. O Mistério da Boca do Inferno 5. Escritores e Sintra
6. Sintra nas Memórias de Charles Merveilleux, Séc. XVIII 7. Contos de Sintra 8. Maçonaria em Sintra 9. Palácio da Pena 10. Subterrâneos de Sintra 11. Sintra, Imagem em Movimento


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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Chronica Gothorum / Chronicon Lusitanum - excertos sobre Sintra em português

© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagens: Arquivo d'O Caminheiro de Sintra
Recolecção do texto em latim: Marc Szwajcer
Tradução latim-português de excertos relacionados com Sintra: O Caminheiro de Sintra


túmulo de D. Afonso Henriques no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra,
neto de D. Afonso VI de Leão e Castela, Reconquistador de Sintra em 1093

    Por não se encontrar por estes dias com grande facilidade na internet a Chronica Gothorum ou Chronicon Lusitanum, é aqui apresentado o dito documento. Razão outra é a menção a Sintra em alguns de seus itens, que do documento aqui apresentado em latim foram esses aqui traduzidos para português.

    A Chronica Gothorum aparece com tal denominação pela primeira vez na terceira parta da obra Monarchia Lusitana, de Frei António Brandão, impressa em 1632. Na sua apresentação, Frei António Brandão refere que existem duas versões desta suposta crónica dos Godos, e que a apresentada por ele é a versão mais extensa, tendo essa sido antes possessão de André de Resende.
Chronica Gottorvm, Chronica Gothorum,
Chronicon Lusitanum, Chronica Lusitana
    O seu autor é desconhecido, assim como a data em que foi feita. Poder-se-ia inferir como sendo dos tempos de D. Afonso Henriques, visto que o relato dessa vem desde 328 d.C. com a entrada dos Godos na Península Ibérica, até ao ano de 1186 da nossa Era. Ou poder-se-ia inferir que por se apresentar com a datação da Era Hispânica ou Era de César, seria anterior a 1422, data da alteração do calendário no reino de Portugal, da Era de César para a Era de Cristo. Contudo, estas inferências encontram-se longe da objectivação da razão na realidade.

    Pouco tempo antes de 1764, a Chronica Gothorum conhece nova impressão, desta feita através de Frei e Padre Henrique Flórez de Setién y Huidobro, no décimo quarto volume da sua obra España Sagrada. É nesta edição que a denominação é mudada de "Chronica Gothorum" para "Chronicon Lusitanum" (mais tarde passando a Chronica Lusitana), decisão justificada pelo próprio, escrevendo que essa pouco tinha que ver com o reino dos Godos, senão que com o reino dos Portugueses.
Enrique Flórez de Setién y Huidobro, autor de España Sagrada
contendo a Chronicon Lusitanum ou a Chronica Gothorum
    O que abaixo se apresenta é o documento em latim, com a datação da Era Hispânica ou da Era de César, e nos três anos em que Sintra é mencionada a tradução em português encontra-se no item cronológico seguinte, começando por pontilhado, com a datação da Era de Cristo, e texto em itálico.


Æra 349. Egressi sunt Gothi de terra sua.

Æra 366. Ingresi sunt Hispaniam, & regnaverunt ibi annis 387. De terra autem sua perveniunt ad Hispaniam per 17. annos.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Carta de Doação de D. Afonso Henriques a Gualdim Pais, Grão-Mestre dos Templários, de Casas e Herdades em Sintra (tradução)


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Contribuição: A. V.; A. Simões
Imagem: Arquivo do Caminheiro de Sintra


para a leitura deste artigo é conveniente a consulta da sua correspondente errata, separada numa primeira e numa segunda adendas.

  Após a Reconquista, D. Afonso Henriques para premiar a importância dos nobilíssimos serviços prestados por Gualdim Pais à coroa portuguesa, doa a esse algumas casas e herdades junto a Sintra.

  O facto de na referida carta de doação as casas e herdades não estarem discriminadas, faz supor que as mesmas já deveriam estar em posse de Gualdim pais, tendo sido a carta de doação, um documento que de forma oficial selava aquele como autêntico dono.

  Outro aspecto a ter em conta, e que por alguns autores é abordado pendendo para um lado ora para outro, tem a ver com a questão de que sendo Gualdim Pais à altura Grão-Mestre da Ordem dos Templários em Portugal, as ditas casas de Sintra teriam sido atribuidas à Ordem dos Templários e não apenas ao indivíduo, usando para isso na carta de doação, o termo de latim "Magistro Gualdino", equivalendo a "Mestre Gualdim". Porém, não existe nenhuma prova que provoque uma conclusão definitiva em relação a isso mesmo, embora que seja de supor que sendo um Freire Templário, as suas posses - bem como as da Ordem dos Templários - não fossem para usufruto pessoal ou da Ordem, mas para o Senhor [nota: como no lema dos Templários (a sublinhado), extraído do Salmo 113 da antiga Vulgata e da antiga tradução grega da Bíblia, e do Salmo 115 da tradução hebraica da Bíblia: "Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam, super misericordia tua et veritate tua" - "nada para nós Senhor, nada para nós, mas a Teu nome dai glória, pelo amor da tua misericórdia e da tua verdade"].

  Abaixo encontra-se primeiramente a carta de doação de D. Afonso Henriques para Gualdim Pais das casas junto a Sintra, no seu latim original (latim medieval), seguida da tradução de latim para português de minha autoria autoria, coadjuvado por A. V., e com revisão de A. Simões:

O Foral de Sintra por D. Afonso Henriques - Sintra, 1154

© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Imagens: Arquivo do Caminheiro de Sintra
Tradução: Francisco Costa in O Foral de Sintra (edição de 1976) com adaptações por parte do Caminheiro de Sintra


  Em 1154, D. Afonso Henriques através do Foral de Sintra doou trinta propriedades nos arredores de Lisboa, a moradores do Castelo de Sintra - que à altura muito provavelmente teria uma configuração diferente, muito mais ampla e talvez até abrangendo o Paço Real de Sintra - para que esses pudessem ter mais prosperidade e fazer crescer Sintra desse modo.

  O Foral de Sintra engloba as principais leis que se deveriam fazer cumprir, dando ao mesmo tempo a liberdade necessária para que cristãos, mouros, e moçárabes, pudessem conviver num clima de paz, fazendo crescer Sintra.

  Abaixo, inicialmente o Foral de Sintra no seu original em latim medieval, sendo seguido da tradução para português:

domingo, 23 de maio de 2010

Depois da Conquista de Sintra: Lenda do Sinal do Céu


© Pesquisa e texto: O Caminheiro de Sintra
Transcrição: Lendas de Portugal, de Gentil Marques
Imagem: autor Flickr pedro prats


- Sim! - confirmou alegremente o rei - Depois
de Lisboa renderam-se os castelos de
Almada, Sintra...
  Não directamente relacionada com Sintra, mas incorporando-se no rol de conquistas de D. Afonso Henriques, e tendo Sintra como prelúdio, esta lenda fala da conquista do Castelo de Alenquer, e em que as figuras principais da Lenda do Sinal do Céu são D. Afonso Henriques e Gualdim Pais, seu importante cavaleiro que partiu depois para a Palestina, onde durante cinco anos militou como Cavaleiro da Ordem do Templo, tendo inclusive participado no cerco da cidade de Gaza. Quando regressou, foi Grão-Mestre dos Templários em Portugal, dando um importantíssimo contributo à propagação da Ordem dos Templários no nosso país.

"Como se estivesse pairando entre o céu e a terra, no silêncio da cela semi-obscurecida, D. Gualdim orava, profundamente entregue às suas devoções. O corpo lasso - cansado de lutas a que se havia exposto durante a famosa e difícil conquista de Lisboa - sentia um prazer físico e espiritual nessa semi-obscuridade, nessa semi-acção, nesse quase absoluto silêncio. De joelhos em terra, o rosto escondido nas mãos, o corpo inclinado para a frente, dir-se-ia a verdadeira estátua de oração. Mas porque a sua sensibilidade era profundamente apurada, o seu espírito começou a subitamente a turbar-se em ondas de alerta, como se movimenta a água parada de um lago ao ser-lhe lançada uma pequenina pedra. 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lenda da Cova Encantada de Sintra


Pesquisa: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: autor Flickr luispabon


Uma das muitas encantadas covas
da Serra de Sintra
"No tempo em que os Mouros dominavam Sintra, os cristãos faziam frequentes incursões contra eles, chegando por vezes muito próximo do castelo.
Num desses recontros travou-se junto do castelo uma renhida batalha. Mas os cristãos foram vencidos porque o seu chefe - um nobre cavaleiro - havia tombado ferido e logo fora aprisionado pelos infiéis.
Conduzido ao castelo, encerraram o ferido num húmido calabouço com cadeias nos pés e nas mãos. O intuito era deixá-lo para ali abandonado, sem alimento nem tratamento até que morresse. Porém, ao atravessar o pátio para dar entrada na prisão que lhe destinavam, foi visto pela filha do alcaide, que estacou petrificada, tal a impressão que o jovem cavaleiro lhe causara. Tentou a donzela saber onde o encerravam. E pela calada da noite, com o auxílio de uma das suas aias, foi visitar o prisioneiro. O silêncio e a escuridão reinavam no cárcere acanhado onde o cavaleiro português estava encerrado. Cautelosamente, a jovem moura abriu o portão de grades e entrou. Deu apenas dois passos. A escuridão era intensa. Ouvia a respiração agitada do prisioneiro. Acendeu um pavio, e a fraca luz iluminou mal o triste cubículo. Mas o cavaleiro português distinguiu perfeitamente o lindo rosto da jovem moura. Perguntou:

- Que quereis, donzela?
Ela respondeu, com aparente serenidade:
- Curar as tuas feridas e trazer-te de comer.
- Quem vos mandou?  
- A minha consciência.
- E se vos virem?
- Espero que não.
- Quem sois?
- Zaida, a filha do alcaide.
Docilmente, o cavaleiro cristão deixou-se tratar pela bondosa e linda sarracena. Quando terminou, ela disse-lhe como despedida: